MEMÓRIAS DO TREM SONHO AZUL
"As memórias das luxuosas viagens de trem".
Quem
atualmente viaja de avião ou ônibus para outros estados do Brasil
provavelmente nunca parou para imaginar como seria percorrer grandes
percursos dentro de um trem. O que parece longe da realidade brasileira
atualmente, era comum em meados do século passado. Em Fortaleza, na
década de 1970, se destacou a linha Expresso Asa Branca, que interligava
Fortaleza e Recife, em homenagem ao rei do Forró. Mas o que fez essa
linha entrar para a história da ferrovia foi a inauguração, em 1975, do
trem Sonho Azul, que circulou neste trecho com um diferencial: sua
estrutura luxuosa.
Um
restaurante dentro do trem, com serviços de garçons, além das poltronas
reclináveis e acolchoadas, ar-condicionado, sistema de som, banheiros e
muitas outras opções que tornavam a viagem de longa distância mais
agradável possível”, conta o pesquisador Hamilton Pereira,
ex-funcionário da Rede Ferroviária federal S/A e coautor do livro
Estradas de Ferro no Ceará.
Devido
aos benefícios oferecidos na viagem, o Sonho Azul era um trem de alto
custo, em sua manutenção e funcionamento, e isso resultava em um alto
custo também para seus passageiros. “As viagens eram pagas por trechos,
além disso, a guerra entre árabes e israelenses interferiu diretamente
no fornecimento de combustível, e as locomotivas eram alimentadas,
principalmente, pelas reservas de petróleo da Arábia. Por isso, o Sonho
Azul circulou por aproximadamente dois anos apenas”, conta Hamilton.
A extinção das linhas de trem de longa distância devido aos custos
elevados não aconteceu somente em Fortaleza. “No Brasil, os custos de
manutenção e operação dos trens era muito alto e a RFFSA via nos trens
de cargas mais lucratividade do que nos trens de passageiros. Aqui no
Ceará, ela entrava com, pelo menos, 70% dos gastos, já que as passagens
eram muito baratas e não cobriam as despesas. Além disso, não houve
modernização dos cargos, tornando o trem obsoleto e perigoso”, explica o
pesquisador. Em 1988, a RFFSA extinguiu por completo os trens de longa
distância.
Atualmente, o
transporte de passageiros sobre trilhos no Brasil se concentra nas
capitais e regiões metropolitanos. No entanto, ainda existem duas linhas
que transportam passageiros em viagens interestaduais: a Estrada de
Ferro Vitória a Minas e a Estrada e Ferro de Carajás, ambas
administradas pela Vale. A primeira transporta passageiros entre as
capitais Vitória (ES) e Belo Horizonte (MG), e tem opções de classe
econômica ou executiva. E a linha Carajás interliga as cidades de
Paruapeba (PA) e São Luis (MA), também com opções de classe executiva ou
econômica. Em ambas as linhas, o preço da tarifa é variável de acordo
com o trecho percorrido.
*** Informações com Governo do Estado do Ceará por Pedro Alves e Nicole Lima
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